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11/12/2010

Não entende...


Este apareceu quando Aquele era só cacos e mesmo sem perceber Este ajudou Aquele a juntar todas as partes, procurar o lugar de cada uma delas e colar tudo junto de novo. Trabalho duro, detalhado, que as vezes resultava em um corte ou outro nos dedos.


O que Aquele não sabia é que justamente quando todas as peças estivessem devidamente em seu lugar, Este jogaria o resultado de tanto trabalho pro alto, apenas pela inconstância que sempre o acompanhou. Sua amiga, escudeira e quase sempre protetora.


Não muito tempo depois Aquele se viu juntando os cacos novamente, seus cacos, cortando os dedos novamente, porém sozinho, sem Este por perto. Sem ajuda. Colando apenas por ser necessário colar, por ser necessário seguir em frente ainda que remendado.


Este não tem idéia da importância que teve para Aquele. Este não entende. Nunca parou para ver Aquele dormir como criança que só quer paz; não sentiu o cheiro do café recém feito enquanto ele próprio dormia; não reparou no sinal de nascença que Aquele tem ao lado esquerdo do tronco; não viu Aquele nos seus dias mais criançola quando o mínimo se torna piada capaz de te fazer rir tanto a ponto de não querer ir embora e perder a hora do trabalho.


Este não entende. Não sabe o que foi para Aquele e por mais que tente, não conseguirá se lembrar de como Aquele se deita de barriga para baixo para dormir e depois se vira de lado para só então conseguir apagar. Este não sabe como Aquele é protetor quando tem ciência dos seus medos. Este não sabe como Aquele fica menino em dia de chuva... Este passou rápido demais para perceber que aquele era mais do que pedaços precisando de organização.
Imagem via Inconfidências Íntimas (www.inconfidenciasintomas.blogspot.com)

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